Remota, praiana e, por incrível que pareça, descolada, Perth é a cidade que mais cresce na Austrália.
Perth tem sofrido por muito tempo com sua imagem. Topograficamente, a capital do Oeste da Austrália lembra a cidade de Seattle, sendo que menor e plana, com bairros baixos cercados de pinheiro-de-norfolk e banhados pelo esverdeado e tropical Oceano Índico. Embora as praias de areia branca fossem tradicionais, a cidade em si era vista como um pouco mais do que uma nova cidade fronteiriça. Era vista como um lugar muito distante das regiões mais importantes do país onde os batalhadores pudessem ganhar uma fortuna com a mineração, mas o entretenimento era escasso.
Hoje as coisas mudaram. A economia de Perth está mais favorável do que nunca, graças ao insaciável apetite da China pelos minerais. Além disso, a cidade cresceu com uma improvável diversidade (cerca de um em cada três residentes nasceram no exterior). Agora, chefes de renome estão aterrissando na cidade para abrir restaurantes, grandes complexos de compras estão sendo construídos e bairros que antes não tinham esperança alguma estão se tornando hoje áreas valorizadas. E Perth não quer parar por aí: estão previstos investimento de 1 bilhão de dólares numa área litorânea, construção de uma linha de metrô, um novo museu de grande importância, uma enorme arena de esportes e uma expansão do aeroporto. Espera-se uma grande onda de viajantes executivos que, junto com os turistas (supostamente), terão uma variedade de opções de hotéis, como o Ritz-Carlton, Starwood, e Westin, que abrirão suas filiais aqui nos próximos dois anos. Mas a grande notícia (e talvez a mais surpreendente) é o COMO The Treasury, a mais nova unidade da Christina Ong’s COMO Hotels and Resorts e a primeira propriedade da rede na Austrália.
Emblema perfeito da nova Perth, o The Treasury faz parte do ambicioso empreendimento da Cathedral Square, uma reinvenção avaliada em 580 milhões de dólares de um aglomerado tesouro do Estado do século XIX e de edifícios da Diocese Anglicana nas proximidades do Central Business District. “Essas estruturas têm sido abandonadas por mais de 20 anos”, diz Kerry Hill, um cidadão local que se tornou um arquiteto renomado por projetar o COMO hotel. “O que fizemos foi essencialmente uma restauração – o material do leiaute original não foi tocado.” De fato, quase todos os detalhes do hotel (que representam principalmente os andares superiores dos três edifícios de 140 anos) têm sido retomados ao seu estado original, desde as janelas de mansarda, que foram reinstaladas, até o acabamento do telhado em cobre. Hill também trouxe seu toque exclusivo e discretamente fino, que causa um contraste perfeito com as características da época, aos 48 quartos e suítes.
É claro que, sendo a Austrália, tudo começa e termina com comida. O chefe-executivo Jed Gerrard, que trabalhou no Tetsuya Wakuda em Sydney, administra o Wildflower, um restaurante envidraçado localizado no terraço do hotel. Logo no andar abaixo do The Treasury está a rede Tailandesa de comida de rua de David Thompson, a Long Chim, e o Petition Kitchen, um bistrô do ex-sub-chef do Cumulus, Jesse Blake, que serve Flat Whites sem igual e King Fish cru no vinagrete de gengibre acompanhado de uma cerveja. De repente, a cidade fronteiriça passou a parecer a verdadeira pioneira.
Traduzido de um artigo de Maria Shollenbarger, Condé Nast Traveler, 15 de Dezembro de 2015